sábado, 23 de julho de 2011

Dança é muito mais

Seria muito clichê e suspeito começar falando da paixão em dançar, da ansiedade antes de subir no palco, da imensurável cobrança exigida todos os dias, do suor, dos calos, dos joelhos cansados, da pressão, da superação e da gratificação de um trabalho realizado. Seria banal começar falando que dança é sentimento, é paixão, é se entregar, é se conhecer. Seria platônico e idealista se limitar ao estereótipo da bailarina imaculada e perfeita no altar das sapatilhas de ponta. Apesar de tudo isso sim, graças a Deus; é muito mais.



Porque quero mesmo é saber o que acontece. Os artistas daqui alimentam richas estúpidas, competições medíocres, portando-se incapazes de respeitar o trabalho de outro artista, preocupando-se em  criticar e ridicularizar. Quero mesmo é apontar pra esse provincianismo artístico que tem como maior empecilho essa rivalidade irrisória. Preocupam-se tanto em cutucar o defeito técnico, estético, besteirético do colega que até mesmo esquecem o próprio trabalho. Quero mesmo é entender o que que falta pra artistas que são orgulho e minha inspiração serem valorizados, o que falta para que as pequenas bailarinas talentosas cresçam e desenvolvam sua arte, deixando de ser máquinas reprodutoras da técnica clássica. É culpa da cultura da cobrice inoculada? São os governates indiferentes em desenvolver arte? Culpados a parte, a culpa (ou não) é nossa. Não estou sendo utópica desejando que bailarinos, atores e artistas dêem as mãos em uma grande corrente, esquecendo as diferenças ideológicas. Queria apenas essa arrogância, esse ego alimentado engajado para desenvolver essa área tão promissora do estado, com trabalhos tão interessantes e bem-sucedidos, prêmios a fora, reconhecimento de outros lugares do país e do mundo mas que não o tem dos próprios conterrâneos. Tantos eventos interessantes acontecendo, que só têm a constribuir, várias iniciativas dignas e as "tribos rivais" incapazes de darem  o braço a torcer, como num romance de Shakspeare onde as famílias competidoras são proibidas de interagir. Só quero alertar que a produtividade seria maior se o foco fosse voltado pra outro ângulo que não o próprio umbigo. Porque dança, como citado, é muito mais: são valores. Acredito na dança do respeito, da interação e da integração.

2 comentários:

  1. Sua cabeça pensa diferente, quem sabe, outras mais també pense assim! Com certeza, a técnica na dança ainda é o que deixa tudo mais robotizado, mas acho que a arte tá mesmo no incerto, na dança feita de coração, pensar os movimentos na batida da música... Mas o clássica... não sei se chegará a isso. E ele mesmo com toda robótica, é lindo de se ver! Transparece uma leveza aos nossos olhos, mas é tão pesado a vocês, bailarinas!

    E essa rivalidade... Sempre existirá, e todos os lugares, é triste, é feio, mas não se deixa abater por isso, cabeça erguida e ouvidos tampados a todas entrigas/críticas destrutivas.



    =*

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  2. A técnica clássica, essa é que tem que chegar ao sentimento mesmo. Mas vamos lá, o post foi só uma angústia minha sobre o assunto.

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