quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pro coração bater

Na infância todo mundo tinha um melhor amigo (mesmo que imaginário), um brinquedo preferido, um lugar em que gostava de ficar. Na adolescência todo mundo teve aquele amor platônico, uma amiga falsa e uma decepção pra lembrar. É engraçado como percebemos as coisas: ou se tornam de toda importância ou de nenhuma. Quando criança eu queria ter uma casa na árvore e uma boneca de porcelana. Adolescente a preocupação era passar de ano e ficar com aquele garoto (se é que isso interessa a alguém). E agora? Me formar, arranjar um bom emprego, ser bem sucedida, ser uma boa artista. Por que quando nos perguntam qual nossa prioridade, desejo ou satisfação as respostas imediatas geralmente tem a ver com status e dinheiro? Claro que são indispensáveis porque amor e sonho não enchem barriga nem pagam contas; mas realizar-se, tornar-se pleno se resumem a isso? Ninguém vai sair gritando por ai seus medos, segredos e vontades mas já se perguntaram o que faz seus olhos brilharem, seu coração bater, o que te faz sentir frio na barriga ou a garganta secar? Não são sintomas só de paixão por alguém, mas também, de paixão por alguma coisa. Vamos combinar de não nos tornarmos mongolóides apaixonados. Só despertem que a vida não se resume a estudar, trabalhar, comer, dormir: aquela pessoa especial está bem do seu lado esperando um sorriso, sua mãe só precisa de um beijo de bom dia, as pessoas na rua só querem com licença e obrigado, você mesmo pode se satisfazer em curtir o pôr do sol. Portanto, essa lógica mecânica que atropela as sensações prazerosas, que venda nossos olhos para quem está debaixo do nosso nariz, que te impõe e exige ser o melhor em tudo unicamente para as pessoas verem seu desempenho e não simplesmente porque se é o melhor de si não deve reger nossa essência. É importante ter sucesso, conforto e estabilidade mas é tão importante quanto prestar atenção nas coisas que tranquilizam sua alma, amenizam sua dor, aliviam seu cansaço, passam valores para os seus filhos. Porque no fundo, o que vai te fazer continuar com aquilo não é o ter mas sim o ser e o que te agrega.

2 comentários:

  1. Concordo com vc! As vezes pensamos tanto no status, na carteira assinada que acabamos por ser insatisfeitos para se mostrar satisfeitos.

    =*

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